top of page

Resenha - Como Ser Um Conservador (Roger Scruton)

  • Adriano Macêdo
  • 9 de fev. de 2016
  • 2 min de leitura

O que dizer quando se termina um livro com lágrimas nos olhos?

Pois é, com brilhante tradução de Bruno Garschagen, uma revisão editorial simplesmente impecável (me considero um cata-erros profissional), o livro COMO SER UM CONSERVADOR, publicado pela Editora Record, do renomado filósofo inglês Roger Scruton, conseguiu me surpreender por vários motivos.

O primeiro deles é que eu já havia lido os seus livros “O que é Conservadorismo” (1980) e “Pensadores da Nova Esquerda” (1986), publicados pela É Realizações, e achei que esta nova obra, de 2014, seria um “remake” ou um aprofundamento, notadamente daquela de 1980. Puro engano...

O segundo é que Roger Scruton escreve hoje muito melhor do que antes e agora conta com uma tradução à altura. Tudo está bem claro e as várias notas do tradutor ajudam o leitor brasileiro a desvendar certas particularidades do ambiente anglo-americano, que é o foco da análise da perspectiva conservadora promovida por Scruton, tornando a leitura muito mais dinâmica do que a das outras obras mencionadas.

O terceiro motivo é que Scruton não apenas elabora capítulos sóbrios e bem construídos sobre as verdades do nacionalismo, do socialismo, do capitalismo, do liberalismo, do multiculturalismo, do ambientalismo, do internacionalismo e do próprio conservadorismo, culminando com uma avaliação dura e cativante das esferas de valor, ou seja, o cerne do pensamento conservador. Antes disso tudo ocorrer, ele inicia o livro nos mostrando dois capítulos extremamente “íntimos”, contando sua trajetória e sua vida familiar, notadamente sua relação com Jack Scruton, seu pai, o que é coisa rara de se ver num filósofo “made in britain” como ele.

Depois, já em ritmo de conclusão, ele aponta várias questões práticas que ficam como um retrato da nossa conturbada época e como os valores conservadores podem ajudar o mundo a sair desse mato sem cachorro em que se meteu.

Ao final, no magistral último capítulo, denominado “uma despedida: impedir o pranto mas admitir a perda”, Roger Scruton faz uma mescla perfeita entre os valores do conservadorismo, a defesa da religião, da educação, da família e como a cristandade trata a perda de uma forma que nunca havia me ocorrido pensar antes, tudo isso mesclado com extremo conhecimento sobre arquitetura, arte, beleza, política, filosofia e as lições que recebeu de um sujeito singular chamado Jack. Daí a ter lágrimas nos olhos é só uma questão de entender minimamente a extrema sutileza da condição humana desnudada por Roger Scruton e ter um coração batendo no peito.


 
 
 

Comments


Procure por Tags
bottom of page