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Resenha - A Civilização do Espetáculo - Uma radiografia do nosso tempo e da nossa cultura (Mário Var

  • Adriano Macêdo
  • 3 de fev. de 2016
  • 2 min de leitura

A leitura de A CIVILIZAÇÃO DO ESPETÁCULO (uma radiografia do nosso tempo e da nossa cultura) veio a partir de uma sugestão da colega Dra. Rafaela Araújo.

E foi uma ótima sugestão. Mario Vargas Llosa realmente merece o destaque internacional que tem, muito embora eu vá fazer alguns reparos adiante.

O livro, como eu esperava, tem muito a ver com obras consagradas sobre cultura de massa. O primeiro elo está em Ortega Y Gasset e seu “A Rebelião das Massas”, que já resenhei aqui no grupo anteriormente. Outro ponto de contato é T. S. Elliot e seu “Notas para uma definição de cultura”, além de George Steiner com seu “No castelo do Barba Azul: Algumas notas para a redefinição da Cultura”

Mas acredito que os autores que mais se assemelham ao que Vargas Llosa traz no seu livro sejam mesmo Theodore Dalrymple e Alain de Botton. Tal qual Dalrymple, Vargas Llosa preza pela luta contra a deterioração da cultura, não se esquivando de dar a cara a tapa em temas polêmicos e apontar culpados, quando existem, até mesmo quando é o radicalismo islâmico. E tal qual Alain de Botton, que é ateu, Vargas Llosa, que se declara agnóstico, faz uma profunda defesa dos valores religiosos para a manutenção da cultura.

A civilização do espetáculo é na verdade um panfleto acusatório contra a sociedade que, inapelavelmente, está condenada a servir de plateia da mídia, da política e do Poder. Há uma interessante análise sobre o fim da autoridade, que não se confunde com o poder. Vargas Llosa mostra como a alta cultura está sendo simplesmente erradicada no mundo e o risco da exacerbação do laicismo, embora por outro lado ele defenda com unhas e dentes o estado laico.

Senti um leve jeitão esquerdista em algumas passagens, um certo desconforto dele perante o catolicismo e, de quebra, uma ânsia de defesa de minorias que estariam muito bem na pauta do Partido Verde. Mas os capítulos sobre o desaparecimento do erotismo e sua substituição pela pornografia e o da análise da afirmação marxista da religião como ópio do povo pagam o ingresso do espetáculo. Até Gramsci aparece, mesmo que não explicitamente, quando ele diz:

“Assim, ocorre o curioso paradoxo de que, enquanto nas sociedades autoritárias é a política que corrompe e degrada a cultura, nas democracias modernas é a cultura – ou aquilo que usurpa seu nome - que corrompe e degrada a política e os políticos”.

Mais gramsciano impossível...

Assim, somados todos os capítulos do espetáculo, a conclusão é que Vargas Llosa vale o preço do ingresso e merece quatro coxinhas.

🍗🍗🍗🍗


 
 
 

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