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Alto Lá

  • Alexandre Borges
  • 29 de mai. de 2015
  • 3 min de leitura

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O que vocês esperavam da repercussão da Marcha, o William Bonner chamando o Kim na porta do Congresso e pedindo uma entrevista? Ou fazendo o JN ao vivo de lá? Ou quem sabe os “especialistas” da GloboNews dizendo com aquele ar grave e mão no queixo que foi um protesto fantástico? Ah, tenham dó!

Quem tem que repercutir a Marcha sou eu, é você, somos todos nós. Ele já fez a Marcha, agora cabe a nós continuarmos de onde ele parou. Ou fazer diferente. Quem saiu da zona de conforto que atire o primeiro post.

Alguém por acaso acha que o PT vai sair do poder apenas com posts de Facebook? Ou terceirizando tudo nas mãos de um menino de 19 anos e um punhado de amigos idealistas dele? Só podem estar de brincadeira.

Já basta o PSDB como sua oposição de araque e a canalhada de sempre falando mal de tudo que fazemos. É a natureza deles, é o que fazem, mas nós somos diferentes. Ou deveríamos ser.

Ninguém disse que ia ser fácil livrar o Brasil do PT. Nós que criticamos os tucanos temos que ser os primeiros a apoiar qualquer um que se coloque contra o governo, mesmo que seja um único brasileiro sozinho enrolado numa bandeira no meio da rua. Aliás, quanto mais sozinho, mais heroico é seu ato. Quem sou eu para bancar o ombudsman de protesto?

Esses meninos andaram de São Paulo a Brasília fazendo atos de cidade em cidade, foram recebidos pelo presidente da Câmara com vários políticos e protocolaram um pedido formal de impeachment contra a Dilma. Pode ficar na gaveta do Eduardo Cunha para sempre? Pode, mas alguém aí já fez alguma coisa remotamente parecida com isso?

Quantas pessoas começaram a Primavera Árabe? Uma! É claro que havia um sentimento difuso no ar de descontentamento, como existe hoje em relação ao PT, mas foi preciso que o tunisiano Mohamed Bouazizi, um camelô de 26 anos que vendia frutas para viver e sustentar a mãe viúva, fizesse um ato simbólico para que a Primavera Árabe começasse (um protesto liberal de um capitalista que não suportou mais os achaques e abusos do governo, diga-se). Rosa Parks mudou os EUA apenas por se recusar a trocar de lugar num ônibus. Paulo de Tarso, o São Paulo, um único homem evangelizou a região que circunda o Mediterrâneo, escreveu sozinho uma parte considerável do Novo Testamento e mudou para sempre a história do mundo. Nem sempre é preciso um exército inteiro para se vencer uma guerra.

Se você acredita no poder do indivíduo, que tal apoiar quando alguns abnegados saem da frente do teclado e vão se expor e tentar realmente mudar o país, mesmo que não seja na primeira, na décima ou na centésima ação? Imaginem os cristãos ao tomar a primeira paulada de um centurião romano se tivessem voltado para suas casas dizendo "é, não vai dar certo, deixa pra lá”.

Há 30 anos o país se uniu e foi às ruas pelas “Diretas Já”. O que aconteceu? Naquele momento, nada. A emenda constitucional Dante de Oliveira foi derrubada e no ano seguinte houve eleição indireta. Foram cinco longos anos até a primeira eleição direita, mas ela teria acontecido sem as manifestações de 1984? Um movimento não é uma vending machine que você coloca uma moeda e sai um refrigerante. Dá trabalho, leva tempo, é um caminho sinuoso mas alguém tem que começar.

Eu gostaria sinceramente de fazer um convite a todos os comentaristas e novos especialistas em marchas e mobilização de massas: por favor, já que você é tão profundo conhecedor do assunto, que tal criar você um movimento e tirar a Dilma do poder? Ou ao menos tentar? Quem sabe conseguir um pequeno mas significativo apoio para a causa? O Kim e seus amigos estão fazendo a parte deles. Deixe que façam do jeito que podem ou que sabem. Se você faz melhor, o que está esperando?

A esquerda levou quase todo século XX para chegar ao poder. Já foi um movimento pequeno, impopular, ignorado por todo mundo, mas seus primeiro líderes não desistiram com os primeiros resultados e frustrações. Eles tinham um ideal e faziam o que seu capital humano ou financeiro permitia. Deu certo para seus herdeiros e pode dar certo para nós se pararmos de cobrar e começarmos a arregaçar as mangas.

Como disse o Olavo recentemente, "quem não conhece o prazer de desobedecer é um escravo ou um tirano."

Parabéns Kim, sou seu fã. O Brasil é um país melhor com você.

Alexandre Borges é Publicitário e Diretor do Instituto Liberal, autor contratado da Ed. Record, articulista do Reaçonaria, Mídia Sem Máscara, jornal Gazeta do Povo, entre outros.

- "Como iniciar um movimento" (Derek Sivers) http://www.ted.com/ta…/derek_sivers_how_to_start_a_movement…


 
 
 

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