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Políticos e Estado, uma relação de confiança?

  • faroldoleste
  • 12 de jun. de 2014
  • 4 min de leitura

Quantos de nós confiam em políticos?

Em reportagem publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo (aqui) se mostrou um resultado do Índice de Confiança na Justiça (ICJBrasil), da Fundação Getúlio Vargas – com dados de 2012. No levantamento, apenas 5% dos entrevistados disseram acreditar nos partidos políticos. O valor é o menor porcentual de confiança entre todas as instituições citadas pela pesquisa e os políticos também compõem a categoria que ocupa a penúltima colocação do ranking.

Por outro lado, as três instituições que tinham o maior percentual de confiança eram as Forças Armadas (73%), a Igreja Católica (56%) e o Ministério Público (55%).

No relatório do segundo semestre de 2013 (aqui) a FGV diz o seguinte: “Comparando-se a confiabilidade no Poder Judiciário com a confiabilidade nas outras instituições no segundo semestre, o Judiciário caiu da sexta para a oitava posição. Dentre as 11 instituições avaliadas, o Judiciário ficou atrás, em ordem decrescente, das Forças Armadas, da Igreja Católica, do Ministério Público, da Imprensa Escrita, das Grandes Empresas, da polícia e das emissoras de TV. Nesse segundo semestre de 2013, o Judiciário foi considerado mais confiável do que o Governo Federal, o Congresso Nacional e os partidos políticos (estes sempre na última posição).” (destaquei)

Mas, pera lá, se os políticos brasileiros estão mais sujos do que pau de galinheiro perante a opinião pública há um desdobramento que não tem sido devidamente apreciado nos meios de comunicação. A relação entre os políticos e o Estado...

Nós, brasileiros, não confiamos nos políticos, nem nos partidos que os aglutinam, nem nas câmaras de vereadores, assembleias legislativas e distrital, nem no Congresso Nacional. É fato. Também não confiamos em prefeitos, governadores e presidentes da república. Outro fato, afinal são todos “políticos”.

No entanto, algo não fecha nessa equação. O quê? A nossa sistemática busca de aumento da presença do Estado em nossa vida.

Quem domina o Estado, aí compreendidos municípios, estados da federação, distrito federal e a união? Os políticos, ora!

Todo o Poder Legislativo de cada um dos entes da federação é dominado exclusivamente por políticos (vereadores, deputados estaduais, deputados distritais, deputados federais e senadores), ainda que periodicamente revezados ou confirmados pelas eleições.

Da mesma forma o Poder Executivo, via prefeitos, governadores e presidentes da república, são compostos exclusivamente por políticos.

Até o Poder Judiciário, embora seja mais opaco, tem uma participação política considerável, dada a indicação e apadrinhamento de membros, do Judiciário ou não, para os tribunais superiores, após intensas transações políticas de bastidores (lembremos (aqui) do que disse a Ministra Eliana Calmon sobre isso), e a existência do quinto constitucional, que coloca representantes da OAB e do Ministério Público na composição dos tribunais.

Bem, depois dessa constatação da presença efetiva dos políticos em todo o Estado brasileiro, fica a pergunta: como alguém que não confia nos políticos de jeito nenhum é capaz de querer que Estado, que é a ferramenta máxima desses políticos, se agigante e se torne cada vez mais presente em sua vida?

Cada vez que hipertrofiamos o Estado, estamos reforçando o poder dos políticos, a sua área de influência e, portanto, nós cidadãos estaremos cada vez mais enredados na necessidade de tê-los como elemento fundamental de acesso aos “benefícios” que o Estado proporciona. Não é à toa que vem daí o contexto lusitano do amigo do rei, a prática do apadrinhamento, o famoso QI (quem indica), o “peixe” que resolve os problemas e todas as mazelas que a criação de dificuldades dentro do Estado traz como venda de facilidades por quem nele está aboletado.

O brasileiro realmente não tem o hábito de pensar (talvez sua pior mazela) e é constantemente levado a querer o seu próprio mal, colocando nas mãos do Estado aquilo que lhe deveria ser acessível individualmente ou por meio de outras instituições em regime de livre mercado ou de ampla liberdade contratual.

Antes que o “mimimi” dos estatistas comece, não estou pregando aqui o fim do Estado (coisa que não creio – afinal sempre a elite dominará a sociedade ou em outras palavras pouco educadas: marxistas, vão à puta que pariu!), mas sua diminuição, sim. Há muitas evidências de que o Estado se mete onde não deve e com isso, das duas uma, ou gasta ineficientemente os recursos que detém ou, pior, decide que “precisa” de novos recursos para suas elevadas funções e aumenta ainda mais a tributação sobre aqueles que efetivamente sustentam o país.

E quanto aos políticos, qual a minha opinião? Bem, não estou entre aqueles que não confiam em políticos apenas por não confiar. Isso é simplificação exagerada. Há, sim, bons políticos, mas são pouquíssimos. Até cito: é gente como o ex-senador e já falecido Jeferson Peres (do Amazonas), que faz uma falta danada no Congresso, uma Cidinha Campos (do Rio de Janeiro) ou...argh!...Marina Silva. Tenho diametrais oposições a ideias de alguns deles, mas não coloco em dúvida sua honestidade ou firmeza de propósitos (ainda que em certos casos discorde do seu perfil de atuação – mas isso é da democracia).

Para mim os políticos têm que ser tratados pelo eleitor como se ele, eleitor, fosse o diretor de uma prisão com inúmeros tipos de bandidos. Você pega os bem-comportados e lhes dá liberdades e algum poder, ajudando a manter os piores na linha. Dá alguns benefícios e não descuida da vigilância, afinal são presidiários, certo? E os bons políticos, onde estarão nessa parábola? São os que foram presos por erro judiciário...

Adriano Macêdo

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