Gramscismo na Paraíba?
- faroldoleste
- 28 de mar. de 2014
- 4 min de leitura
Em Janeiro/2014 tive uma reunião com o diretor da escola (privada) da minha filha mais nova, juntamente com o coordenador de história do colégio para discutir a aplicação do modelo Gramsciano de perversão da cultura brasileira por meio das instituições de ensino – alguns dirão de dominação ou hegemonia, mas eu prefiro usar “perversão” mesmo.
O fato é que no final de 2013 eu tive que explicar alguns pontos do livro de história para minha filha (que então cursava o oitavo ano do ensino fundamental), pois ela estava com dificuldades na matéria, apesar de ser ótima aluna. Bom, fiquei abismado com o conteúdo do livro, de autoria de ALFREDO BOULOS JUNIOR, uma “edição reformulada” de História – Sociedade & Cidadania, publicado pela editora FTD.
Eu já havia tido algumas informações sobre as incursões que o PT havia promovido no aparelhamento do ensino, notadamente na área de humanas, mas sempre na esfera universitária, hoje bastante afetada pelo método gramsciano, mas nem de longe desconfiava que a coisa estava tão adiantada também no campo do ensino médio e, pior, também no fundamental.
Limpo e seco: o livro é uma bomba de ruim (para não dizer coisa pior...).
O seu conteúdo e forma batem exatamente com a descrição que a professora Ana Campagnolo (corajosa essa moça!) faz no vídeo que está no YouTube (ver aqui) e que desencadeou um embate em Santa Catarina sobre a inserção de Gramsci pelo PT.
Toda a apresentação do livro mencionado acima envolve o aluno no sentido de SEMPRE entender a história simplesmente como “Dominação e RESISTÊNCIA”; “LUTA pela Cidadania”; OPRESSÃO do negro e do índio (sem a real visão histórica do entorno e do contexto); Socialismo é bom, capitalismo é ruim; e um mar de preconceitos e noções enviesadas, deturpando a interpretação dos fatos, quando não deturpando os próprios fatos.
Só a título de exemplo, o livro do oitavo ano traz na capa TUPAC AMARU (precisa dizer mais? Talvez sim: bolivarianismo explícito) e a grande maioria das gravuras leva o aluno a sempre entender a história somente como essa pura luta de classes, desde o africanismo, as greve sindicais, a exploração econômica do pobre pelo rico, a opressão colonialista, os movimentos sociais (sempre eles), bem como a ausência de qualquer menção ou a redução da análise a um mínimo (uma titica de nada) sobre os teóricos liberais e conservadores (e quando se fala é pra “meter a chibata”).
Nota-se a exacerbação da exploração colonial e do escravagismo como explicação única de vários problemas bem mais complexos e antigos. O bolivarianismo está meio que presente ao longo de todo o livro. Fiz uma análise completa do livro, que infelizmente não dá para reproduzir aqui.
Preocupado com isso, aguardei a compra do livro do nono ano, já em 2014, esperando que o problema fosse só naquele volume do oitavo ano, mas o do nono é ainda pior. A capa é justamente uma manifestação de esquerda (pelo excesso de bandeiras vermelhas já dá para sacar os dejetos que ali se contém). Pelo índice se vê que a leitura volta à mesma ladainha de “dominação e resistência”, “propaganda de massas”, “armas e violência”, a exaltação do comunismo (socialismo real) em Cuba, China e Vietnã (um absurdo total).
Novamente as imagens do livro são em sua maioria subliminares, induzindo a criança a adotar como certa a ótica socialista, a visão de “oprimidos x opressores” (não que isso não exista – fique claro – mas que não é “O” ponto, mas “UM” ponto), esquecendo tantas outras facetas da história, tudo como evidentemente reza a cartilha Gramsciana. Como era de se esperar, os alunos ficarão sabendo muito sobre os “heróis” dos movimentos sociais, do bolivarianismo, da luta armada latinoamericana, mas quase nada sobre os grandes vultos históricos, as personalidades mais importantes para a nossa civilização e as contribuições deles para o Brasil e para o Mundo.
Muito abalado com isso, marquei a reunião que mencionei no primeiro parágrafo e, devo frisar, fui muito bem atendido pelo diretor e pelo coordenador de história do colégio. Mas a minha surpresa foi que eles deixaram bem claro que esses livros do Sr. Alfredo Boulos Junior seriam os livros mais bem cotados para o ensino de história atualmente, NO BRASIL, com base nos resultados do ENEM.
Aí minha ficha começou a cair de fato...
Lembrei imediatamente do texto de Ali Kamel sobre um livro de história que foi BANIDO das escolas brasileiras pelo próprio MEC ("Nova História Crítica - 8ª série", da Editora Nova Geração). Para ver o caso: http://oglobo.globo.com/educacao/livro-didatico-reprovado-pelo-mec-continua-sendo-usado-em-salas-de-aula-do-brasil-4153370
O coordenador de história do colégio então gentilmente me mostrou os temas do ENEM 2013 e, não mais para minha surpresa, os temas dos livros antes mencionados estavam e estão em perfeita consonância com o que o nosso querido Ministério da Educação, notadamente na gestão petista de FERNANDO HADDAD, promoveu como saberes essenciais para o aluno de oitavo e nono do ensino fundamental (e logicamente o mesmo está ocorrendo em todas as outras séries, tanto do ensino médio quanto do ensino fundamental no Brasil).
Isso me assombrou. Não sabia e nem sonhava que a coisa tinha chegado a esse ponto de aplicação do domínio da esquerda na cultura por via subliminar (para quem quiser ter uma mínima ideia desse caráter subliminar basta ver uma apresentação bobinha que está no site da FTD, do próprio Alfredo Boulos Júnior. Para o conhecedor mínimo de Gramsci isso basta: http://www.ftd.com.br/pnldef2_2014/src/oeds/HIS_SOC_9_06.swf)
O diretor me fez então um outro favor e, na minha frente, ligou para um dos diretores de uma das maiores escolas do Ceará, que confirmou o uso intensivo dessa mesma coleção nos colégios de Fortaleza, frisando os resultados excelentes desse livro no ENEM. De fato, o livro é competente para ensinar aquilo que o nosso Governo exige, via ENEM, só que o que ele exige não é nem de longe o que nossas crianças precisariam aprender, o que explica muitíssimo bem a péssima situação do Brasil em todos os testes de educação em nível mundial.
E, pior, se nas escolas privadas a coisa está desse jeito, como estará na escola pública?
Em suma, está tudo dominado...
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